O início do século 21 nos mostra, escancaradamente, que o conhecimento é a base do desenvolvimento. Décadas atrás, em países como o nosso, se acreditava que vantagens comparativas como terra, clima e baixos salários podiam ser instrumentos de atração de investimentos e de desenvolvimento. Não é mais assim. Hoje o mundo reconhece que, além de capital e trabalho, o insumo fundamental para a criação de riqueza é o conhecimento.
Ciência, tecnologia e cultura têm sido reconhecidos como elementos fundamentais para o desenvolvimento econômico e social. Especialmente depois do advento da Internet e da Teia Mundial — a World Wide Web —, a necessidade de conhecimento para fomentar o desenvolvimento foi-se tornando mais e mais óbvia, destacada nos meios de comunicação e entendida pelo público. [...]
A importância do conhecimento para o desenvolvimento não é uma novidade na história da humanidade. No final do século 15, Portugal [...] tornou-se a [nação] mais poderosa do mundo aplicando estudo sistemático, pesquisa e o conhecimento acumulado ao problema da navegação oceânica, com o objetivo de chegar à Índia e dominar o comércio das especiarias.
David Landes, historiador do desenvolvimento econômico, destaca [...] que a invenção da invenção, isto é, a sistematização do método científico e da atividade de pesquisa a partir do século 18, foi um dos grandes ingredientes necessários para a existência de uma revolução industrial na Europa e para o desenvolvimento que se seguiu.
Tornaram-se mais ricos os países que souberam criar um ambiente propício à criação e disseminação do conhecimento e a sua aplicação na produção. [...]
Conhecimento só pode ser gerado e ser acessível quando há pessoas educadas para isso. A inclusão do conhecimento como variável de destaque para o desenvolvimento econômico traz consigo a educação e a cultura como parâmetros explicitamente determinantes do desenvolvimento de uma nação.
Em nosso país não é diferente e temos obtido alguns importantes resultados a confirmar o valor do conhecimento. Nos últimos quatro anos, pela primeira vez na história brasileira o principal item da pauta de exportações nacional — representando hoje mais de US$ 2 bilhões por ano — é um produto com alto valor agregado: aviões a jato. Produzidos pela Embraer [Empresa Brasileira de Aeronáutica], eles são o resultado de concepção e projeto de engenheiros brasileiros formados pelo ITA [Instituto Tecnológico da Aeronáutica]. É um caso exemplar de ciência e tecnologia criando desenvolvimento. E uma ilustração do fundamental papel do Estado em
viabilizar essas atividades.
A Embraer começou a nascer em 1947, quando o ITA foi fundado, numa estratégia singularmente correta para trazer o desenvolvimento de uma indústria aeronáutica no Brasil. Ano após ano, gerações de engenheiros foram formados pela escola até se atingir a massa crítica necessária para o surgimento, em 1967, de uma empresa capaz de fabricar aviões.
Esta é uma ilustração notável da forma mais virtuosa de interação universidade-empresa: a instituição de ensino superior que, trabalhando dentro de referenciais acadêmicos internacionais, educa as pessoas que vão criar tecnologia trabalhando para a empresa. Essas realizações não acontecem por acidente. Resultam de um esforço contínuo e cumulativo de educação com padrões elevados de excelência durante décadas e décadas. Elementos fundamentais para o desenvolvimento sustentável, ciência e tecnologia são atividades especialmente sensíveis à acumulação de conhecimentos e à formação de grande quantidade de pessoas capazes de gerar e trabalhar com esses conhecimentos.
Fonte: BriTo, c. h. Estado de S. Paulo, 13 nov. 2002.
Questões sobre a leitura Registre as respostas em seu caderno
47. Em grupos, elaborem justificativas para a afirmação: “o insumo fundamental para a criação da riqueza é o conhecimento”.
48. Explique o que o historiador David Landes quis dizer com a expressão “a invenção da invenção”.
49. Discuta com seus colegas qual é a relação entre o nível do conhecimento produzido por um país e a escolaridade dos seus trabalhadores.
48. Explique o que o historiador David Landes quis dizer com a expressão “a invenção da invenção”.
49. Discuta com seus colegas qual é a relação entre o nível do conhecimento produzido por um país e a escolaridade dos seus trabalhadores.
50. Com base nessa leitura, reflita: de que maneira se tornou possível obter as imagens microcóspicas do infográfico na abertura desse capítulo?
Fonte: Feltre, Ricardo, 1928–Química / Ricardo Feltre. — 7. ed. —São Paulo : Moderna, 2008.
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